Nem o menos otimista torcedor do Arsenal poderia imaginar um fim de Premier League tão dramático. Para quem viu seu clube liderar o campeonato e bater de frente com os principais rivais, ver a UEFA Champions League a cada rodada mais distante é algo no mínimo extremamente doloroso para uma torcida que carece de títulos há nove anos. O elenco enxuto e as limitações técnicas em algumas posições levavam o torcedor à dúvida. O questionamento era de como o grupo se portaria ao restante da temporada, com as inúmeras competições que estariam por vir e as lesões que afetavam frequentemente alguns jogadores.
Vieram as oscilações e o Arsenal encontrou uma irregularidade que o tirou da briga pelo título. Tropeços inaceitáveis dentro de casa e vexames diante de adversários diretos deixavam os Gunners a cada rodada mais distantes do topo da Premier League. Consequentemente, seguia perseguido por Tottenham e Everton, que tinham a ambição de integrar o top four. O rival de Londres, convenhamos, não foi problema para os comandados de Arsène Wenger. Mas a ameaça viria da cidade de Liverpool.
O jogo da última semana no Goodison Park entre Everton e Arsenal poderia consolidar a presença dos visitantes no grupo dos quatro primeiros. Por outro lado, caso os mandantes do jogo vencessem a partida, entrariam de vez na briga pela vaga à Champions League da próxima temporada, ameaçando ainda mais a posição do rival. A derrota por 3 a 0 manteve o Arsenal dois pontos à frente do quinto colocado Everton. O problema foi que os comandados do técnico Roberto Martínez foram no último dia 12 ao nordeste da Inglaterra e bateram o lanterna Sunderland por 1 a 0. Assim, os Toffees chegaram aos seus 66 pontos - recorde do clube em toda a história -, deixando o Arsenal para trás e ingressando no grupo dos quatro melhores.
Indubitavelmente, a temporada pode ser desastrosa. A demissão de Wenger já foi cogitada, mas talvez tenha saído de pauta depois da suada classificação à final da FA Cup, sábado, contra o Wigan. Ameniza, mas não esconde a necessidade de uma reformulação dentro do clube. A grandeza e o peso da camisa não podem permitir que outra temporada passe em branco. O fracasso Premier League que se torna real a cada rodada, as humilhantes derrotas para Manchester City, Chelsea e Liverpool. São nove anos sem conquistar um título. É pouco demais para um clube de tanta tradição.