Como divulgado na segunda-feira em nosso Twitter, entrevistamos o "diferenciado" Rodrigo Bueno, o Bubu. Ele é jornalista, colunista da Folha de São Paulo e da World Soccer Digest, colaborador da IFFHS e comentarista do canal Fox Sports. Agradecemos à ele pela atenção que nos foi dada e pelo seu tradicional bom-humor ao responder nossas perguntas.
Quando surgiu o desejo de ser jornalista? Quando e onde foi sua formação?
Pensei em fazer jornalismo quando estava no colegial. Sempre gostei
de escrever e sempre soube que faria algo na área de humanas. Cogitei
ser jogador de futebol por um tempo, mas acabei desconfiando do meu
futuro como atleta profissional e não queria abandonar
os estudos. Passei em vestibular para publicidade, relações públicas,
psicologia e alguma outra coisa, mas optei mesmo pelo que mais queria, o
jornalismo. Me formei pela PUC-SP em 1994. Depois, em 1996, realizei
outro desejo acadêmico: cursar educação física.
Não pude levar muito a sério essa faculdade, que era em período
integral, por conta do trabalho com o jornalismo, mas deu para conciliar
ainda mais minhas duas paixões: esporte e jornalismo.
Em quais veículos você já trabalhou? Quais são suas inspirações no jornalismo e no esporte?
Antes de iniciar minha longa trajetória na Folha de S. Paulo, em
1995, trabalhei dois anos como assessor de imprensa do Sesc Interlagos e
da PUC-SP. No final de 1994, também fiz o ótimo Curso Abril de
Jornalismo, foi para mim um laboratório da querida revista
"Placar". Continuei na Folha e virei colunista de futebol internacional
do jornal em 1997. A partir daí, comecei a colaborar com várias
publicações estrangeiras (já escrevo faz tempo para a World Soccer
Digest) e dei início à minha carreira como comentarista.
Trabalhei na TV Cultura, comentando uma temporada da Champions League, e
passei em 2002 a frequentar regularmente os mais diversos programas da
ESPN Brasil. Neste ano, pintou uma proposta bem interessante do Fox
Sports. Sigo na Folha como colunista e vivo
agora no Rio mais focado na TV.
Por que você se acha um comentarista "diferenciado"?
Porque eu fui o primeiro que encheu o saco desse
termo "diferenciado", que virou moda no futebol e também em outras
áreas. Agora tudo é diferenciado.
Como é sua colaboração na IFFHS?
Eu participo das votações anuais da entidade para melhores jogadores,
técnicos, etc. Atualizo alguns dos recordes e marcas, envolvendo
jogadores brasileiros, que a IFFHS destaca. Também discuto algumas
questões sobre critérios da entidade, que aceitou há
alguns anos dados dos Campeonatos Paulista e Carioca em suas
estatísticas, por exemplo (a IFFHS costumava ignorar Estaduais por ser
algo que só existe em poucos países).
Como foi sua passagem pela ESPN? Como o Fox Sports o procurou? Como foi a transição de uma emissora para outra?
A passagem pela ESPN foi maravilhosa em todos os sentidos. Nunca
tive o desejo de trabalhar em TV, não me sentia muito à vontade com
isso, mas a ESPN é como uma família, uma reunião de amigos. É uma TV
séria e combativa, mas com um espírito descontraído,
isso se encaixou bem comigo. Há informação de qualidade e ao mesmo
tempo um clima agradável que te permite se sentir em casa. Já curtia
muito o canal como telespectador e, para quem é doente por futebol
internacional como eu, foi um casamento perfeito. Quando
o Fox Sports chegou ao Brasil e passou a investir pesado em futebol
internacional, com Libertadores, Sul-Americana, Inglês, Italiano,
Argentino e Recopa Sul-Americana, imaginei que pudesse fazer parte deste
bacana projeto. Por razões pessoais, a mudança para
o Rio era interessante para mim neste ano também. A mudança foi algo
normal. Saí de um canal que adoro repleto de bons amigos e hoje faço
parte de um canal em que estou já bem adaptado e também já cheio de
novos amigos. Foi uma boa oportunidade profissional
que me permitiu ter mais qualidade de vida e que me permitirá dar uma
condição melhor para a minha família.
Conte-nos um episódio engraçado ou inusitado de sua carreira
Numa transmissão, o jogador Samba caiu desacordado e ficou aquele
clima tenso, com todos na espera para ver a recuperação dele, que não
vinha. Já tinha participado de vários jogos em que fizemos trocadilhos
com o nome do Samba, mas desta vez, claro, não
podíamos fazer isso. Um colega então começou a cantar no meu ouvido
"Não deixe o Samba morrer, não deixe o Samba acabar..." Eu mantive a
seriedade na transmissão, fiquei na torcida pelo Samba, claro, mas a
situação nos bastidores foi diferente daquela do campo. Foi
um bom teste para não rir num momento totalmente errado.
Há algum objetivo em sua carreira que você ainda não alcançou? Se sim, qual?
Há algum objetivo em sua carreira que você ainda não alcançou? Se sim, qual?
Escrever um livro, espero que saia em 2013.
Você é especialista em futebol internacional. Quais campeonatos
você mais gosta de assistir e comentar? Para quais times (melhor deixar
no plural, já que sei que são muitos) você torce ou ao menos simpatiza?
Gosto muito de Libertadores e Champions League, claro, pela
importância e pela história dos torneios. Hoje, sem dúvida, o campeonato
nacional que dá mais prazer de comentar é a Premier League, não só
porque é a liga da moda mas também porque muitos dos meus
amigos e admiradores são loucos pelo Inglês. Mas adoro futebol como um
todo. Costumo dizer que "o futebol mundial vai dominar o mundo". Nunca
tive problemas em comentar jogos mais alternativos. Sobre meus times,
tem uma lista enorme mesmo, coloco todos eles
no meu facebook. A Holanda é a equipe que mais curto mesmo, mas dos
clubes tem um monte, quase todos de grande tradição internacional: Ajax,
Bayern, Benfica, Independiente, Liverpool, Paris SG, Peñarol, Real
Madrid, São Paulo... Mas tem muitos times de menor
expressão que aprendi a curtir por causa de familiares, de viagens, de
amigos. Dentre esses estão o Galícia, o Celta de Vigo, o Juventus, o
Passense, o Alfenense, o Joinville, o Ajax Cape Town, o Cienciano, o LA
Galaxy, o Oita Trinita... chega por hoje vai.
Bubu e José Ilan (à esq.) no Central Fox
Quais novidades os assinantes do Fox Sports podem esperar à curto prazo? Quais projetos você e a emissora estão preparando?
Não posso falar em nome do canal, mas sei que teremos em breve um
novo programa que deve dar muito o que falar na TV brasileira. Rolando
um segundo canal Fox Sports, haverá ainda mais espaço para eventos e
futebol internacional. A Concachampions, por exemplo,
vem aí.
Hoje em dia, muitos jovens que passam horas à frente da TV
assistindo transmissões e programas esportivos querem seguir a carreira
jornalística. Que dica e alerta você dá para eles? E para os que já
estão se formando?
Estudem ao máximo, informem-se. Sempre podemos aprender mais, vendo
jogos, lendo livros, revistas, fuçando na internet. Eu sinto que não sei
nada quase todo dia (até porque tenho memória ruim e esqueço muita
coisa rsrs) e gosto de aprender cada vez mais.
Há algum tempo houve uma certa polêmica causada por jornalista chamando de "geração Playstation" aqueles que preferem ver e torcer pelo futebol internacional, em especial o inglês, principalmente aqueles que criaram espécies de torcidas organizadas de vários times no Twitter. Qual a sua opinião sobre esse comentário? Como você vê o surgimento destas torcidas?
Há algum tempo houve uma certa polêmica causada por jornalista chamando de "geração Playstation" aqueles que preferem ver e torcer pelo futebol internacional, em especial o inglês, principalmente aqueles que criaram espécies de torcidas organizadas de vários times no Twitter. Qual a sua opinião sobre esse comentário? Como você vê o surgimento destas torcidas?
Acho a coisa mais normal do mundo nascerem hoje torcidas de times
estrangeiros aqui no Brasil e em vários outros países. Com a
globalização, podemos ter acesso ao futebol em todos os cantos do
planeta num piscar de olhos. E vejo como algo natural a tendência
em ganhar simpatia por um ou outro time. O futebol europeu é uma
referência importante e desperta atenção mesmo por reunir os principais
jogadores do mundo. Eu era adolescente e passei a curtir o Milan por
causa de Van Basten, Gullit e Rijkaard. Virei torcedor
da Holanda por causa deles também. Não havia playstation naquela época,
adorava Atari mesmo (já estava fora de moda e uso no final dos anos 80,
aliás). Assim como acho normal um cara de outro Estado que não seja o
Rio de Janeiro torcer pelo Flamengo, acho
normal um torcedor na África, na Ásia, na Oceania ou na América torcer
para um time europeu. Acho o maior barato ter torcida do Nottingham
Forest no Brasil. E acho o maior barato ter torcida do Corinthians na
Inglaterra, por exemplo.
Para você, a Premier League é o melhor campeonato nacional do mundo? O que a diferencia das outras ligas?
Não tenho dúvida de que hoje a Premier League é o campeonato nacional
mais atraente do mundo. O campeonato, mais que ter grandes estrelas
internacionais, reúne uma série de clubes seculares, com torcidas
fervorosas, que lotam sempre os estádios. É uma cultura
futebolística praticamente sem igual. Só que agora tudo isso é vendido
muito bem para o mundo. A Premier League tem uma excelência na
divulgação de imagens e material que impressiona, é modelo para o mundo
todo. A organização fora de campo e a bola rolando
dentro dele sem muita interrupção da arbitragem são alguns dos baratos
dessa liga, que mistura tradição e modernidade na medida exata. Os times
com menor poder de investimento não deixam de ser atraentes e complicam
inúmeras partidas. E cada vez mais há clubes
com incrível poder de investimento.
Qual a sua seleção dos melhores jogadores da Premier League, que você tenha visto, ou não (de 1992 até hoje)?
Schmeichel; Beckham, Terry, Vidic e Ashley Cole; Cristiano Ronaldo, Lampard e Gerrard; Bergkamp, Henry e Giggs
Quem acompanha a Premier League sempre vê o Wigan brigando contra o
rebaixamento e escapando. Há uma magia que torna este time "incaível".
Você consegue explicar isso?
Lembro da primeira temporada no Wigan na Premier League. Havia uma
estatística curiosa. Era um time que sempre ganhava ou perdia por um gol
de diferença. Isso se manteve por um bom tempo, parece que a equipe
criou o costume de sempre complicar os jogos,
de ser "encardido", "chato". Também aprendeu a jogar a Premier league,
ganhar confrontos diretos, jogos-chave. Não vemos o Wigan frequentando a
parte de cima da tabela, encantando com futebol vistoso, disputando
competições europeias, ele sabe de suas limitações
e o que pode fazer, essa consciência é sua força. No entanto, o Wigan
já não é essa fortaleza toda e tem sim sentido mais realmente a ameaça
de queda. Em algum momento, cairá, como aconteceu com outros times
modestos que chegaram à Premier League e fizeram
várias temporadas seguidas, como o Middlesbrough.
*Colaborou Talisson Ferreira
Boa noite,
ResponderExcluirExcelente entrevista cara *-*
Não tenho mais FOX sports então não da pra continuar vendo o trabalho dele :(
Ae,podiam tentar entrevistar sabe quem?
Gian Oddi,Arnaldo Ribeiro ou mestre PVC ein *-*
kkkkk na moral
Abraços
Entrevista muito bacana!
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