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Por que a Inglaterra não ganha uma Copa do Mundo desde 66?

“Por que a Inglaterra perde?” é talvez a maior questão do esporte inglês. O país que criou o futebol é também o que mais se decepciona com ele. A última Copa conquistada (que também é a primeira e única) foi no ano de 1966, em casa. De lá para cá foram só fracassos. Há quem diga que a seleção da Rainha já é eliminada de um campeonato muito antes de estrear por ele.

A cada preparação para a Copa, se inicia um antigo ritual. Ritual esse que foi aperfeiçoado ao longo de dezesseis fracassos anteriores em Mundiais. E ele segue um padrão:

Fase 1: Antes do campeonato – A Inglaterra certamente ganhará a Copa do Mundo
Não importa como foi o desempenho da seleção na Copa anterior. O atual técnico SEMPRE irá prever que ganhará a taça. A lista é grande e conta com Glenn Hoddle (1998), Ro Greewod (1982), Sven Goran (2006) e, mais recentemente, Roy Hodgson (2014) – leia aqui a afirmação dele -, a quem teve a pior atuação em 56 anos. O único se se salva é Alf Ramsey, técnico na conquista de 1966.

Fase 2: Durante a Copa, a Inglaterra encontra um antigo inimigo de guerra
Seja Alemanha, Argentina ou Itália. É impressionante como as partidas encaixaram perfeitamente com o passado de guerra entre as nações.

Fase 3: Os ingleses concluem que a partida foi um azar terrível
Azar foi a desculpa encontrada pela eliminação de 50, contra os EUA. Em 70, o goleiro Gordon Banks teve um mal estar minutos antes do jogo contra a Alemanha Ocidental e seu substituto levou 3 da Alemanha. Pior ainda foi em 73, quando a seleção não conseguiu se classificar para a Copa porque o goleiro da Polônia, Jan Tomaszewski, teve “uma noite de sorte” no estádio de Wembley. Não conformado com a decepção, o meio-campo Martin Peters disse anos depois que “em um dia normal teríamos derrotado a Polônia por 6-0”. A Polônia chegou às semifinais da Copa de 74.

Sem contar 90 e 98, quando foram eliminados na loteria chamada cobrança de pênalti. Ou em 2002, quando Ronaldinho teve a “sorte” na falta que deslizou para as redes da Inglaterra, porque ele não era bom o bastante para colacá-la ali intencionalmente, segundos os ingleses.

Fase 4: Além disso, todos os outros roubam
A “mão de Deus” de Maradona em 1986 e o chute de Lampard que entrou 30cm na Copa de 2010. Fim!

Fase 5: No dia seguinte à eliminação a vida volta ao normal
A eliminação não causa uma comoção nacional. Ao contrário, as eliminações da Inglaterra são festejadas, transformadas em mitos nacionais, canções ou comerciais de redes de pizzarias.

Fase 6: A Inglaterra vai para a Copa do Mundo seguinte achando que vai ganhar
Volte a Fase 1.

Quando especialistas se reúnem para explicar por que a Inglaterra perde, o bode expiatório preferido é: Há muitos estrangeiros na Premier League. O ex-capitão Steven Gerrard já deixou bem claro que isso acaba afetando a seleção.

Afinal, se os garotos ingleses mal conseguem jogar em seu próprio campeonato, como poderão esperar se transformar em jogadores internacionais? Os presidentes da FIFA e da UEFA apresentaram variações do argumento de Gerrard. Segundos eles a culpa do grande numero de estrangeiros na PL é pela falta de habilidade dos ingleses.

Um dia a Inglaterra foi o centro da rede de conhecimento do futebol. Desde a primeira partida internacional oficial de futebol em 1872 até, pelo menos, a primeira derrota em casa para a Hungria, em 1953. Muitos ingleses se apegaram à ideia da supremacia do futebol inglês muito depois disso ter deixado de ser verdadeiro.

O desempenho da Inglaterra em tempos bons e ruins é basicamente o mesmo. Só que os torcedores e imprensa tentam ver padrões onde não há nenhum. No final, a melhor explicação para os altos e baixos da seleção da Inglaterra é o acaso.

Mas nem o acaso é suficiente para responder a mítica pergunta “Por que a Inglaterra não ganha nada?”

Texto baseado no livro Soccernomics de Simon Kuper e Stefan Szymanski
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