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Goleiro reserva: dinheiro fácil ou frustração por estar de fora?


A BBC Sports trouxe recentemente uma matéria "investigativa" sobre a vida dos goleiros reservas e nós do BritFoot resolvemos levantar essa bola por aqui, já que a atual situação de Cech e Courtois trouxe à tona novamente essa questão. Para muitos, ser goleiro reserva é fácil demais. Você assiste a todos os jogos, sentado, de dentro do campo e recebe por isso. O goleiro "São Marcos" disse no ano passado, no Bola da Vez da ESPN, que não importava quando era reserva de Veloso, porque recebia em dia e não era xingado nem cobrado pela torcida. Até pedia para que o titular não fosse expulso durante os jogos importantes.

Alguns treinadores sequer valorizam o "Camisa 12". É comum ver clubes levando o terceiro goleiro para o banco. Muitas vezes a equipe não se preocupa em ter um reserva que tenha um nível no mínimo próximo de seu titular. Já outros prezam muito pela função e fazem questão de contar com um reserva de confiança.

Qual sua opinião? Conversamos com o goleiro Edson, ex-Brasiliense e recentemente contratado pela Luverdense. Ele vai nos ajudar a ilustrar ainda mais essa "investigação."

Eles são necessários

De coadjuvante, o reserva pode virar protagonista em questão de segundos.

E isso é fato! O reserva precisa estar pronto para entrar caso algo aconteça com o titular. Em caso de lesão ou expulsão do titular, o mero coadjuvante passa a ser protagonista da partida. De repente, todas as câmeras estão em cima dele. Todos querem saber se o reserva está realmente pronto para entrar.

Para o goleiro Lee (Brentford), ser goleiro reserva é uma grande tarefa, mas que às vezes o sentimento de não estar contribuindo pode atrapalhar a preparação. "Apesar de ser uma função mais tranquila, todos os jogadores querem jogar. Ninguém gosta de ficar no banco. Mas é também perigoso, pois você pode acabar se acomodando".

Lee jogou apenas um jogo nesta temporada e foi pela Copa da Liga. Na ocasião, o goleiro ajudou sua equipe a avançar na decisão por penaltis, quando defendeu duas cobranças. "Ano passado, quando o time foi promovido, eu também estava no banco. Fico feliz pelos companheiros e pelo clube, mas é impossível sentir a mesma alegria. Você vai para casa e sente que não fez muito para aquilo acontecer".

O goleiro Edson, da Luverdense, pensa diferente. "O goleiro reserva tem um papel importante para o titular. Além de ajudar no treinamento, ele precisa também estar em forma e treinando forte, para que o titular não se acomode e assim o time tenha sempre um bom goleiro."

Empréstimo pode ser a solução?

Courtois aproveitou sua pssagem pelo Atlético de Madri para evoluir e voltou ao Chelsea para barrar a lenda Petr Cech

Como já falamos, cada treinador tem sua forma de pensar. Muitos deles preferem ter jovens como seus goleiros reservas, para que assim eles possam ir amadurecendo e talvez um dia venham a ser importantes para o time. Mas isso exige que o reserva tenha paciência. Se o titular está bem, o jovem dificilmente vai receber uma oportunidade. Às vezes, ele até merece e treina melhor do que os outros, mas poucos são os treinadores que pagam pra ver.

Nosso entrevistado, o goleiro Edson, passou por isso quando jogava pelo Brasiliense. O jovem de apenas 22 anos chegou após uma boa campanha por outra equipe do DF, mas teve que esperar um ano até receber sua chance, que só veio porque o titular se contundiu.

Na Inglaterra, o jovem Jon Maxted, do Hartlepool, já ficou mais de 100 partidas no banco. "Eu sou apenas um jovem. Óbvio que quero jogar, mas enquanto isso tento aprender com meus colegas. Já tive ao meu lado Ross Turnbull, Neill Sullivan e todos me ensinaram alguma coisa. Tenho treinado tanto quanto os que estão jogando e tenha a cabeça tranquila de estar fazendo meu melhor".

Mas às vezes, a única saída para esses jovens é um empréstimo para ligas e clubes bem menores. Atualmente titular do Wolverhampton, Ikeme foi emprestado OITO vezes, antes de finalmente conseguir seu espaço. "Nem sempre é proveitoso. Você está longe de casa, num alojamento pequeno, tentando construir sua carreira sozinho. Mas apesar das dificuldades, mentalmente foi bom para mim. Me ajudou a manter o foco para que eu pudesse alcançar meus objetivos."

Esperar vale a pena

Se não tivesse aceito a reserva e os jogos no time B, Marcos teria se tornado ídolo nacional?

Mesmo com toda a tranquilidade que a função traz e mesmo a possibilidade de ser emprestado, alguns reservas permitem que o ego fale mais alto que a razão e acabam indo parar em clubes sem expressão ou sem destaque, apenas para não "comer banco" e acabam nunca vingando. Porém, se o reserva confia em seu potencial, a história prova que esperar é a melhor solução.

Marcos, Rogério Ceni e mais recentemente Paulo Victor, do Flamengo, e Courtois, são provas vivas de que a reserva pode ser aproveitada. Em meio a empréstimos e muita paciência, os quatro poderiam nunca ter assumido a titularidade de seus clubes e se tornarem o que se tornaram caso tivessem se precipitado e saído apenas por estarem no banco.

Como já dito, Edson ficou meses esperando sua chance no Brasiliense. Apesar da tristeza por não jogar, o jogador decidiu continuar e cumprir seu contrato. "Não sou o tipo do jogador que abandona o grupo. Resolvi cumprir meu contrato e a minha oportunidade acabou aparecendo". Oportunidade que foi agarrada! Edson se destacou na disputa da Série D em 2014 e acertou com a Luverdense para jogar a Série B em 2015.

Eternos reservas

Stuart Taylor, o eterno reserva

Mas alguns parecem que se acomodam e gostam da "posição". Vários goleiros ficaram conhecidos por aceitarem tranquilamente a condição de reserva. Um exemplo famoso é do goleiro Stuart Taylor, atualmente no Leeds United. Formado nas categorias de base do Arsenal, o goleiro completou 34 anos de idade e 14 de carreira profissional. Acredite você ou não, Taylor jogou em 11 clubes diferentes e nunca, NUNCA foi titular absoluto! Até hoje, apenas 72 partidas. Muito pouco para um jogador de 34 anos de idade, visto que um clube disputa no mínimo 40 partidas por temporada. Apesar disso, Taylor jogou em grandes clubes e foi reserva de nomes como Lehmann, Given e Hart. Porém, o goleiro pouco atuou em clubes menores e sequer jogou em sua passagem pelo Yeovil. Apesar disso, são seis títulos na carreira.

Agora que todos os fatos foram levantados, qual sua opinião, caro leitor? Eles têm mesmo a vida fácil? É uma função mesmo ingrata, ou os que reclamam fazem isso de barriga cheia? Se lembra de algum outro eterno reserva? Comente!
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