Com a temporada chegando ao fim, as competições entram nas suas fases decisivas. A Copa da Escócia, por exemplo, já está com as semifinais marcadas para os dias 12 e 13 de abril, com ambas as partidas para ocorrer no Ibrox Stadium, casa do Rangers. No entanto, a questão da distribuição dos ingressos e da localização dos jogos tem causado alguns problemas.
Primeiramente, o Ibrox Stadium foi escolhido para sediar as duas semifinais. Uma vez que chaves decisivas causam maior movimentação popular, elas exigem lugares maiores e com melhor estrutura. Concomitante a isso, há o fato dos embates serem únicos. Logo, tal escolha deixa a entender que o estádio atuará como território amplo e neutro. Só que o Rangers ainda está na disputa e, além disso, será o mandante do confronto com o Dundee United. Pressupõe-se, dessa forma, que os ingressos deveriam ser divididos pela metade, a ponto de tornar tudo mais justo. Mas não são.
Dos 51.082 lugares disponíveis na casa dos Blues, o Dundee United recebeu ingressos para apenas 11.063 deles. No dia 17 de março, após a vitória do Rangers sobre o Albion Rovers, Jackie McNamara, técnico do United, criticou a FA Escocesa (SFA): "Não há dúvidas de que estamos em desvantagem por ser o estádio do Rangers. Seria o mesmo se fosse no Tannadice (estádio do Dundee United) porque conhecemos o terreno." O comandante dos Terrors também disse ter ficado surpreso por terem decidido os locais dos jogos tão antecipadamente (em outubro do ano passado).
No dia seguinte às críticas, a SFA, em nota, alegou que o número de ingressos oferecidos foi baseado no histórico recente de semifinais: "Na semifinal do último ano contra o Celtic, no Hampden Park, com o pontapé inicial às 12h45 (horário local), o Dundee United recebeu 10.686 ingressos e vendeu 6.783. Em 2010, contra o Raith Rovers no Hampden Park, com pontapé inicial às 15h, o clube recebeu 11.806 ingressos e vendeu 9.969." A entidade ainda afirmou que a torcida teria de espaço reservado todo o Broomloan Road Stand (arquibancada oeste), mais toda a seção oeste e parte das seções frontal e superior do Govan Stand (arquibancada norte). E acrescentou: "O representante do Dundee United presente (na reunião) afirmou que, para garantir lotação máxima, o clube, em primeira instância, desejaria apenas o Broomloan Road Stand, com capacidade de 8.012 lugares."
A resposta veio rápido: "A SFA informou que a locação inicial da seção Govan West foi feita com base de que apenas a parte inferior do Broomloan Road estaria disponível. Nosso representante solicitou a locação completa de Broomloan, junto com a opção de Govan West como adicional, mais seções extras do Govan Stand caso necessário. Esse é o nosso posicionamento e estamos felizes de reiterá-lo nesse momento. Nossa posição sobre a necessidade de um local neutro também se mantém." Vale lembrar que a final da Copa da Escócia será realizada no Celtic Park, mesmo lugar da decisão da Copa da Liga.
Na última quarta-feira (19), Stephen Thompson, presidente do Dundee United, apontou mais críticas à SFA: "Estamos insatisfeitos com a nota, pois não é a nossa concepção do que aconteceu. Isso é econômico com a verdade." O mandatário da equipe disse que algo em torno de 13 a 14 mil ingressos já seria muito bom, mas confessou: "Não vamos precisar de 20 mil ingressos. Ainda não sei qual o número máximo necessário." Desde então, a polêmica tem se arrastado. Oficialmente, tanto o clube quanto a organização optaram pelo silêncio. Enquanto isso, um grupo de torcedores ainda espera uma mudança de local, o que é praticamente impossível.
De qualquer maneira, uma tentativa de organização antecipada acabou tendo seu quê de frustração. Porém, há atenuantes. Casos desse tipo já aconteceram na Champions League três vezes - nas finais de 1957 (Real Madrid), 1984 (Roma) e 2012 (Bayern de Munique). Nessas situações, apenas os espanhóis levaram o título. Nem sempre o fator casa é determinante.
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