
Hoje
as competições europeias estão no topo das prioridades dos principais clubes
europeus. A verdade é que sempre foi assim, desde o início da ideia de tentar
conquistar o continente, futebolisticamente falando. Acontece, que houve um ano
em que os times ingleses puderam bater no peito e afirmar que dominaram a
Europa. Hoje, a nossa viagem vai se focar em dois dos maiores times do Reino
Unido, o Leeds e o Manchester United.
Então
vamos voltar ao final dos anos 70, pra ser mais exato o ano de 1967. Naquela
época, os ingleses queriam saber basicamente de duas coisas: Beatles e futebol.
Enquanto a banda de Liverpool lançava o renomado “Sgt. Pepper's
Lonely Hearts Club Band”,
o campeonato local era conquistado pelos Red Devils, em uma campanha que somou
60 pontos, que lhe deu a vaga para a Copa dos Campeões. O vice campeão,
Tottenham, disputou a chamada “Winners’ Cup”, sendo eliminado pelo Lyon nas
oitavas de final. Coube a Nottingham Forest, Liverpool e Leeds disputarem a “Taça
das Cidades com Feiras”, algo semelhante a atual Europa League com a diferença
de ter um nome estranhamente legal.
Os
times eram históricos. Não só pela grandeza, mas pelos elencos, recheados de
ídolos históricos. O Manchester United tinha nada mais que George Best carregando
a camisa 7 e Bobby Charlton. Enquanto isso, os Peacocks tinham jogadores como
Paul Madeley e Peter Lorimer no seu esquadrão.
As
campanhas dos dois começaram avassaladoras. O atual campeão inglês emplacou uma
goleada de 4 a 0 no primeiro jogo contra o Hibernians, time de Malta. No
segundo jogo, com o resultado já definido, o 0 a 0 foi sendo arrastado até o
apito final. Já o Leeds decidiu não poupar esforço em momento algum no confronto
contra o pobre Spora de Luxemburgo. O agregado foi um incrível 16 a 0, com nove
gols na casa do adversário e outros sete na Inglaterra.
Na
fase seguinte da atual Champions League, o único representante inglês teve pela
frente o Sarajevo da Iugoslávia, enquanto os Whites enfrentariam o Partizan
pela fase de 16-avos-de-final da Taça das Cidades com Feiras, obrigando os dois
times a fazerem viagens para a Iugoslávia. Ambos se classificaram, com os resultados
agregados de 2 a 1 e 3 a 2, respectivamente.
Já
nas quartas, os Red Devils visitariam a Polônia, para enfrentar o Górnik
Zabrze, quando se classificaram com outro 2 a 1 agregado, dessa vez com um
pequeno drama no Old Trafford, quando tomou um gol que poderia acabar com os
sonhos europeus dos torcedores. Porém ficou apenas nisso. A classificação porém
já estava encaminhada. O Leeds no entanto começaria sua pequena excursão à
Escócia. O primeiro adversário foi o Hibernian. A classificação veio com uma
vitória pela vantagem mínima em Elland Road e um empate por 1 a 1 fora de casa.
O adversário seguinte foi o Rangers, que não conseguiu fazer muito em casa, resultando
num empate sem gols. Já na Inglaterra, Lorimer e Johnny Giles manteram o time
na competição.
Agora
com os dois times nas semi-finais, o sonho parecia cada vez mais próximo. O
Leeds teria mais um confronto britânico, contra o Dundee. O United, enfrentaria
o Real Madrid no que se esperava ser um dos maiores confrontos do ano. O que
foi confirmado em campo, após o empate em 3 a 3 no Santiago Bernabéu, precedido
pela vitória em casa por apenas 1 a 0. Os Peacocks sofreram também, mas se
classificaram no mesmo estilo. Vitória com placar magro em casa e empate fora de
seus domínios. 2 a 1 no total.
E
vieram as finais. Leeds e Manchester United estavam cada vez mais próximos da
glória, da vitória, da taça. No 29 de maio de 1968, o Wembley estava lotado
para ver a final da Copa dos Campeões. De um lado, o time “da casa”, se é que
pode ser chamado assim. Do outro, o Benfica, de ninguém menos que Eusébio.
A
expectativa era grande, a festa foi bonita no estádio. Mas com a bola rolando,
quem se sobressaiu foi o time inglês, aplicando uma goleada consolidada na
prorrogação. No tempo regulamentar, Bobby Charlton abriu o placar para o futuro
campeão, mas o meia Jaime Graça adiou por alguns minutos a comemoração do
torcedor.
Na
prorrogação porém, após nove minutos já se sabia quem ergueria a taça. George
Best, aos três do primeiro tempo da prorrogação tratou de por o United na
frente. Brian Kidd aumentou a vantagem em menos de um minuto. Best, aos nove
encerrou o placar, em algo parecido com o que foi a final da mesma competição
nesse ano de 2014. O Manchester United conquistava assim sua primeira taça de
campeão europeu, consolidando a geração de históricos atletas que passaram pelo
time na época.
O
Leeds por sua vez, precisou de dois jogos para conquistar o título em cima do
Ferencváros da Hungria. No dia 7 de agosto do mesmo ano, o Elland Road estava lotado
para ver a partida que poderia significar a primeira conquista europeia do
clube. E Mick Jones marcou o gol do título já na partida de ida. Um mês depois,
na partida de volta, após muito se tentar, os donos da casa não conseguiram
ultrapassar o goleiro Gary Sprake, finalizando assim o placar sem gols. O
suficiente para fazer o torcedor inglês festejar a merecida alcunha de campeão da
taça com nome engraçado.

Hoje
sabemos que a Premier League é de fato a melhor liga do mundo (é sim, não
adianta discutir). Mas o que os clubes ingleses não têm hoje, é a supremacia
que esses clubes tiveram. Seja com um placar humilhante contra times de
Luxemburgo, seja com partidas históricas contra o Real Madrid, os clubes estão
na história por isso, por representarem um país dentro de campo, dando orgulho
aos seus torcedores e mostrando porque o futebol britânico é o melhor praticado
no mundo.